terça-feira, 26 de maio de 2009

MARTINHO LUTERO E NOSSA SENHORA


Na busca de conhecer o pensamento de Martinho Lutero, sobre Nossa Senhora, me deparei com várias afirmações muito bonitas onde revela o seu relacionamento com Maria , Mãe de Deus. Pessoalmente não conhecia este aspecto do ensinamento e vivência, que mostra outra face de Lutero.

Pensei em partilhar com vocês amigos leitores neste dia em que lembramos de Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil. Uma delas por exemplo afirma a virgindade de Maria, diz assim: “O Filho de Deus fez-se homem, de modo a ser concebido do Espírito Santo sem o auxílio de varão e nascer de Maria pura, santa e sempre virgem. (Martinho Lutero, “Artigos da Doutrina Cristã”) . “Peçamos a Deus que nos faça compreender bem as palavras do Magnificat… Oxalá Cristo nos conceda esta graça por intercessão de sua Santa Mãe! Amém. (Martinho Lutero, “Comentário do Magnificat”). “Maria é digna de suprema honra na maior medida” – art. IX da Apologia da Confissão de fé de Augsburg (documento-texto muito importante do Luteranismo). Para Martinho Lutero nunca foi problema a virgindade de Maria, muito menos ser ela escolhida para ser mãe do Salvador por isso ele afirma: “Não há honra, nem beatitude, que se aproxime sequer, por sua elevação, da incomparável prerrogativa, superior a todas as outras, de ser a única pessoa humana que teve um Filho em comum com o Pai Celeste” – Martinho Lutero, “Deutsche Schriften, 14, 250″. Ele tinha tamanha admiração e respeito por Maria, que recitava todos os dias o “Magnificat”o canto de Maria e sempre acreditou que ela seria proclamada bem aventurada por todas as nações. Assim escreve a M.Basilea Schlink : “Lutero honrou Maria até o fim de sua vida, santificava suas festas e cantava diariamente o Magnificat (…) perdeu-se na igreja evangélica, em tempos posteriores à Reforma, todas as festas a Maria e tudo o que nos trazia sua lembrança (…) estamos padecendo as conseqüências dessa herança de receio e temor. Entretanto Lutero nos diz naquela citada frase que nunca poderemos exaltar suficientemente a mulher que constitui o maior tesouro da cristandade depois de Cristo. E continua M.Basilea Schlink: “Eu própria me devo contar entre as pessoas que não fizeram durante os longos anos de sua vida, por conseguinte, não seguiram as escrituras segundo a qual “desde agora chamar-me-ão bem-aventurada todas as gerações da Terra” (Lc 1, 48). Eu não me havia incluído entre estas gerações. É verdade que havia lido na Sagrada Escritura que Isabel havia falado, inspirada pelo Espírito Santo, reconhecendo Maria como a Mãe do meu Senhor. Sua velha prima tributou-lhe o maior louvor dizendo: “como mereço que a Mãe do meu Senhor venha visitar-me?”. (cf. escritora evangélica M. Basilea Schlink, revista “Jesus vive e é o Senhor”). “Minha sincera opinião, ao escrever este livro, é fazer o que posso a fim de que a Mãe de Nosso Senhor seja novamente amada e honrada como lhe compete, segundo as palavras da Sagrada Escritura e conforme nos recomendou nosso reformador, Martinho Lutero” – M. Basilea Schlink, escritora protestante que escreveu o livro “Maria, o caminho da Mãe do Senhor” em 1960 na Alemanha e fundadora da Irmandade Evangélica de Maria. “Quem são todas as mulheres, servos, senhores, príncipes, reis, monarcas da Terra comparados com a Virgem Maria que, nascida de descendência real (descendente do rei Davi) é, além disso, Mãe de Deus, a mulher mais sublime da Terra? Ela é, na cristandade inteira, o mais nobre tesouro depois de Cristo, a quem nunca poderemos exaltar bastante (nunca poderemos exaltar o suficiente), a mais nobre imperatriz e rainha, exaltada e bendita acima de toda a nobreza, com sabedoria e santidade” – Martinho Lutero no comentário do Magnificat .(cf. escritora evangélica M. Basilea Schlink, revista “Jesus vive e é o Senhor”). “Ser Mãe de Deus é uma prerrogativa tão alta, coisa tão imensa, que supera todo e qualquer intelecto. Daí lhe advém toda a honra e a alegria e isso faz com que ela seja uma única pessoa em todo o mundo, superior a quantas existiam e que não tem igual na excelência de ter com o Pai Celeste um filhinho comum. Nestas palavras, portanto, está contida toda a honra de Maria. Ninguém poderia pregar em seu louvor coisas mais magníficas, mesmo que possuísse tantas línguas quantas são na terra as flores e folhas nos campos, nos céus as estrelas e no mar os grãos de areia.” – Martinho Lutero. Certamente que eu poderia aprender muito antes a honrar Maria, mas nunca o fiz pelo espaço de muitos anos, não abrigando nenhum pensamento de afeto especial para com ela em meu coração, nem fazendo algum cântico em sua memória, a despeito de Lutero ter escrito que não se pode exaltá-la bastante (o suficiente). O Senhor concede-me a graça, nos últimos decênios, de amar e venerar Maria, tanto mais quanto mais profundamente tentava imitar sua conduta submergindo-me na consideração daqueles duros caminhos pelos quais foi conduzida por especial providência divina, segundo nos revela a Sagrada Escritura. É, portanto, um profundo desejo de meu coração poder ajudar agora a que, da nossa parte, cristãos evangélicos, Maria seja novamente amada e venerada como a Mãe do Nosso Senhor. E isso corresponde ao testemunho da Sagrada Escritura e também ao que o nosso reformador Lutero indicou. O temor de diminuir a glória de Jesus foi a causa de que, em nossas igrejas evangélicas, se negasse a Maria a veneração e os louvores devidos. E, entretanto, temos que afirmar que através da justa veneração que aos apóstolos e a ela corresponde, multiplica-se a glória e o louvor ao Senhor, porque foi Ele que a elegeu (e a fez) pela Sua Graça um instrumento seu. Jesus espera que veneremos Maria e a amemos. Assim nos diz a Palavra de Deus e esta é, portanto, a Sua Vontade. E só aqueles que guardam a Sua Palavra são os que amam verdadeiramente a Jesus (Jo 14, 23)” – M. Basilea Schlink, evangélica e fundadora da comunidade evangélica em Darmstadt, na Alemanha (revista “Jesus vive e é o Senhor”, no. 8). Depois destas afirmações tão sérias e cheias de conteúdo, fica claro que não se trata de buscar razões contra este ou aquele, mas sim ter a clareza que Marinho Lutero, não desejava descartar a presença de Maria na história da salvação e sim incluí-la de tal maneira, honrosa e dignificante que ela fosse considerada como um elemento fundamental nos planos de Deus, e na vida dos cristãos. Por isso ele nunca quis uma disputa entre cristãos sobre o tema de Maria. Talvez nós católicos exageramos um pouco na devoção, mas nunca desejamos fazer de Maria uma deusa. Por isso hoje recordamos a Virgem Mãe Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, que em seu Santuário Nacional recebe anualmente oito milhões de peregrinos. Que Maria a Mãe da unidade, como fez nas bodas de Caná, nos ajude a sermos todos seguidores de Jesus, discípulos que façam tudo o que seu Filho disse. Maria, Mãe Aparecida, ajuda-nos a sermos filhos obedientes, fiéis praticantes do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.

(Dom Anuar Battisti-Arcebispo Metropolitano de Maringá)


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