quarta-feira, 22 de julho de 2009

Maria, Ave Cheia de Graça!


Com alegria me debruço a refletir sobre uma grande figura com que Deus em sua infinita misericórdia nos presenteou, que é a Sua Santíssima Mãe, a Virgem Maria.

Tanto já se escreveu sobre a Santíssima Virgem. Grandes santos dedicaram suas vidas a compor belíssimos tratados espirituais exaltando as virtudes e as graças com que Deus cumulou esta excelsa criatura, chamada à gerar o verbo encarnado, mas, Maria é “Cheia de Graça” e por mais que se escreva sobre ela, ainda há em seu Imaculado Coração, tesouros infinitos de graça de Deus.

Maria, sendo serva, como ela mesmo se intitula: “Eu sou a serva do Senhor” (Lc. 1,38). Não está acima de seu Filho, o Verbo encarnado. Por isso nos Evangelhos pouco se fala sobre esta mulher que “conservava tudo em seu coração” (conf. Lc. 1,51).

Nos Evangelhos encontramos sete falas de Maria ou as sete palavras de Maria. Bem sabemos que o número sete na Bíblia tem um sentido de totalidade ou de plenitude, então Maria fala pouco, mas diz tudo.

Vamos refletir um pouco sobre cada uma das palavras da Santíssima Virgem Maria:

1º) “Maria, porém, disse ao anjo: ‘Como é que vai ser isso, se eu não conheço homem algum?’ ” (Lc. 1,34)

É necessário que entendamos um pouco do contexto em que foi dita essa frase. Estamos no relato onde o Anjo Gabriel é mandado por Deus para anunciar à Santíssima Virgem sobre a encarnação do Verbo.

Quando nos deparamos com essa frase em que Maria interroga o mensageiro de Deus sobre a forma que se dará o fato de gerar em seu ventre o Filho do Altíssimo, a primeira impressão é de uma desconfiança por parte de Maria sobre o poder de Deus, mas, o coração de Maria nunca vacilou na confiança em Deus.

Maria sempre esteve voltada para a vontade do Altíssimo e desejava que esta vontade se cumprisse totalmente em sua vida, por isso trazia o desejo de lhe consagrar sua virgindade. Assim, entendemos porque se apressa em dizer não conhecer homem algum. Esta fala nos diz que ela não conheceu e demonstra seu desejo de não conhecer, por amor à Deus.

Aprofundemos nossa reflexão no sentido bíblico da palavra “conhecer”. O hebraico não possui nenhum termo que corresponda exatamente ao nosso termo “mente” ou “intelecto”. A distinção entre “intelecto” e “apetite”, portanto é imprecisa.

Geralmente, podemos dizer que no hebraico, “conhecer” equivale a “experimentar”. A experiência evolui para aceitação ou posse. A experiência da posse evidencia-se através do uso da palavra “conhecer” para designar o intercurso sexual.

De modo semelhante, “tornar conhecido” significa “fazer sentir”, levar outra pessoa experimentar algo. Quem faz experiência com outra pessoa conhece-a e à ela fica ligado. “Conhecer” alguém é também cuidar desse alguém e por ele ser cuidado.

Percebemos que estas palavras da Santíssima Virgem, longe de ser uma desconfiança dos planos de Deus, são um profundo ato de abandono em suas mãos.

Num primeiro sentido essa fala nos atesta a virgindade e o desejo de assim pemanecer, pois nunca havia tido intimidade com homem algum, mas, em verdade, essas palavras dizem mais.

O coração da Santíssima Virgem não se apegava às criaturas, pois sabia que fazendo experiência com a criação estaria a criação ligada. Porém, Maria tinha em seu coração a experiência do céu e ao céu já estava ligada. Já se conhecia à Deus de forma que nenhuma outra criatura seria capaz de saciar seu coração.

Enfim, reflitamos o termo “conhecer” como cuidar e ser cuidado. Em uma sociedade machista, como na época de Jesus, uma mulher sem marido estava condenada à absoluta miséria.

Mais uma vez compreendemos o completo abandono de Maria em suas palavras, pois demonstra sua confiança na providência divina, abrindo mão de qualquer cuidado dos homens para depender somente de Deus.

Em breve, postarei as próximas reflexões sobre as condutas e palavras da Virgem Santíssima.


(http://www.ocaminho.org.br/)

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