sexta-feira, 3 de julho de 2009

Comunhão e Missão

Na segunda-feira passada, dia 29 de junho, tive a grande alegria de receber o “Pálio” pelas mãos de sua Santidade o Papa Bento XVI, na Solenidade dos Apóstolos São Pedro e São Paulo, na Basílica de São Pedro em Roma.

Embora seja a segunda vez que participo dessa celebração, a ocasião sempre é única! Como todos sabem, já o tinha recebido quando assumi a missão na Arquidiocese de Belém do Pará. Agora, com uma nova missão em outra Arquidiocese, recebo outro pálio como Metropolita da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro.

O sentido de unidade e comunhão predomina na interpretação do rito. É o dia do Papa, que é o sucessor do Apóstolo Pedro na missão de confirmar os irmãos na fé. A promessa de unidade e comunhão realizada junto ao túmulo de Pedro ressoa através dos séculos na mesma promessa que ele fez diante do Senhor – “tu sabes que te amo” e também reconhecendo que “Jesus é o Cristo, o Filho de Deus”. Daí recebe a sua missão: “apascenta os meus cordeiros, minhas ovelhas, meu rebanho”.

As terras de Roma foram regadas pelo sangue dos mártires que ainda hoje continuam testemunhando a fidelidade ao Evangelho e a alegria da vida na unidade da Igreja de Jesus Cristo. Ser fiel e testemunhar o Evangelho nos tempos de hoje são realmente desafios a serem enfrentados com coragem e ânimos novos.

Nesse sentido, a imposição do Pálio demonstra este aspecto com essas palavras pronunciadas pelo Santo Padre: “Este Pálio seja para vós símbolo de unidade e sinal de comunhão com a Sé Apostólica; seja vínculo de caridade e estímulo de fortaleza”.

Nada mais inspirador para nós que assumimos as palavras do Evangelho – “que todos sejam um” – como iluminação da vida e do trabalho e missão a que fui chamado por Deus através da mediação da Igreja. Acredito que esse é o caminho para nós, Igreja hoje, e também é o testemunho que nós, enquanto Povo de Deus, devemos dar e ser para este mundo desunido e violento.

Além do aspecto da unidade, é importante ressaltar o sinal do pastoreio que esse símbolo ressalta. As ovelhas são abençoadas no dia de Santa Inês. Da lã delas serão tecidos esses sinais que, imposto sobre os ombros, recorda a necessidade de o Pastor carregar as ovelhas sobre os ombros, – um dos mais belos e antigos símbolos que encontramos na Igreja primitiva.

Esse sinal também aparece na oração da bênção do Pálio “escolhido para simbolizar a realidade da missão pastoral”, pedindo por todos que irão utilizá-lo “de se reconhecerem como Pastores de seu rebanho e de traduzir na vida a realidade significada no nome”.

Unidade e pastoreio: eis dois significados importantes desse sinal que os arcebispos recebem para utilizar dentro de sua Província Eclesiástica. Estar em Roma, junto ao túmulo do Apóstolo Pedro para celebrar esse acontecimento é um dom inestimável! Mas a oportunidade se enriqueceu ainda mais ao podermos celebrar o encerramento do Ano Paulino junto ao túmulo de São Paulo. Isso nos leva a viver como verdadeiros discípulos-missionários que, unidos e procurando a comunhão do rebanho, possamos continuar servindo com alegria esse povo que foi conquistado por Deus e que se abriu para o encontro com os irmãos, tornando esse mundo uma nova realidade, construindo a civilização do amor.

(Dom Orani João Tempesta - Arcebispo do Rio de Janeiro)

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