segunda-feira, 14 de setembro de 2009

As quatro paredes de um quarto

Quando vamos ao encontro daquelas que já trazem no rosto as cicatrizes de uma vida de dor, incompreensões, abandono e miséria, percebemos o olhar de mulheres que se tornaram insensíveis pelas marcas do cotidiano, mas que trazem no peito uma esperança.

Talvez não percebam que o que está em jogo é a sua própria vida, sua dignidade, sua alma. Deixam-se levar pela rotina. Uma oração já basta para enfrentarem um dia todo de atendimento, de entrada e saída de homens que estão de qualquer jeito, homens maltrapilhos, sujos e fedidos.

As Madalenas, nossas filhas prediletas que vivem em situação de prostituição, se tornam cada vez mais fechadas nesse mundo, que se resume às quatro paredes de um quarto.

Embora não fiquem sozinhas, são sozinhas!

Não possuem um ombro amigo, um companheiro verdadeiro para ouvir suas tristezas ou para compartilhar suas alegrias e conquistas.

Talvez seus dias sejam longos, cheios de amarguras, humilhações e dores. “São essas que muitas vezes julgamos!”. (Jo 8,7)

Encontramos um rosto triste, envergonhado, cansado e muitas vezes machucado. Rostos e corpos que se consomem por quem nem se conhece.

Essas são nossas mulheres arruinadas por um mundo consumista, onde tudo o que se quer é possível se ter. Não existe preocupação para com o próximo, muito menos para com a dor do outro. O único foco é o próprio prazer.

É com elas que estamos. É com elas que queremos estar, rezar, partilhar e se preciso chorar. Mas acolhê-las para mostrar que são mulheres e que mesmo em meio as desilusões haverá sempre o dia em que a aurora surgirá.

Para nós, as mulheres em situação de prostituição são chamadas de Madalenas, pois, assim como Maria Madalena, também podem se aproximar do Cristo e experimentar todo amor e misericórdia de Deus.

Maria Madalena, após encontrar-se com o Senhor decidiu por ter uma vida nova e em tudo foi restaurada. Deixou a vida velha para trás, a vida de sexo, mentiras, orgulho, falsidade, das vaidades das vaidades, para ser aquela que reconheceu o Cristo e foi a anunciadora de Sua ressurreição.

Jesus Cristo não a criticou e nem a rejeitou. Ele simplesmente a amou e por meio do amor compassivo e misericordioso do Senhor, Maria Madalena decidiu viver uma vida diferente, rompendo com as máculas do passado.

Que possamos assim como Cristo, amar nossas irmãs que estão nas ruas vivendo essa vida de prostituição e que só lhe garantem o vazio no coração, para que com nosso amor possam conhecer verdadeiramente o Senhor e decidir-se por Ele.

Irmã Petronella Esposa do Cordeiro - Fraternidade o Caminho

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